19 de abril de 2012

La Abuela Grillo: deliciosa animação!

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=AXz4XPuB_BM

O fim do Polo Cinematográfico de Paulínia?

Matéria da "Ilustrada" de hoje — com direito a palpite do notório André "Estrume", diretor da Fiesp com boquinha no governo paulista (MIS) — trata do Polo Cinematográfico de Paulínia, "construído para ser a Hollywood brasileira" (clichê idiota; por que não "a nova Vera Cruz", ou "a Cinecittà brasileira", ou a "Pinewood Studios [desde 1935, a 30km de Londres, "mais de um milhão de pés quadrados de estúdios e espaço cênico"] brasileira"?). Os autores da matéria não sabem, mas estão a demonstrar, mais uma vez, que fomento estatal apenas à produção cinematográfica nunca dá certo e sempre tem fôlego curto.



8 de abril de 2012

Nossa próxima atração: "A classe operária vai ao paraíso", em 14/4/12

“Proletários de todas as telas, uni-vos!”


CINECLUBE DARCY RIBEIRO apresenta A classe operária vai ao paraíso (La classe operaia va in paradiso, 1971, Itália, 125 min, cor)
Direção: Elio Petri. Roteiro: Elio Petri, Ugo Pirro. Fotografia: Luigi Kuveiller. Montagem: Ruggero Mastroianni. Música: Ennio Morricone. Elenco: Gian Maria Volontè, Mariangela Melato, Gino Pernice, Luigi Diberti, Salvo Randone e outros.


O crítico Luiz Zanin Oricchio, em 29 de junho de 2009, escreveu em seu blogue:

“Boa medida da popularidade de um filme é quando seu título entra para a linguagem comum. Quem já não ouviu falar – em geral em tom de ironia – que a classe operária ‘iria ao paraíso’ em tal ou qual situação, em geral desfavorável para ela? A alusão é ao filme de Elio Petri.

‘A classe operária vai ao paraíso’ é de um tempo em que o proletário ocupou de fato o centro da cena cinematográfica. Certo, não de todo o cinema, mas pelo menos de um tipo dele, o cinema político, ou melhor, de empenho social, como muitos preferem definir. Esse ‘gênero’ proliferou em determinada época, em especial no período que vai dos anos 50 aos 70, e em vários lugares. Entre eles, a Itália, espécie de epicentro do fenômeno. País na época com um Partido Comunista muito forte, foi lá que esse tipo de cinema floresceu com grande viço. Mesmo porque boa parte da melhor produção italiana daquela época pode ser considerada caudatária do neorrealismo, movimento que tinha entre suas premissas a de colocar o homem comum à frente da cena.

Elio Petri (esq.) filma A classe operária...
Naquela época inclinada na direção da esquerda, pelo menos no campo das artes, o próprio Elio Petri (1929-1982) se destacava como protótipo do artista engajado. Petri era de legítima estirpe operária, por parte de pai e mãe. Foi filiado ao Partido Comunista Italiano até a invasão da Hungria pela União Soviética, em 1956, quando então rasgou a carteirinha. No entanto, continuou “à la sinistra” e assinando críticas de cinema no ‘L’Unità’, órgão oficial do Partidão italiano. Enquanto isso, dirigia documentários e escrevia roteiros. Seus dois pontos altos na carreira são ‘Investigação sobre um cidadão acima de qualquer suspeita’ (1968), com a brasileira Florinda Bolkan no elenco, e ‘A classe operária vai ao paraíso’, ambos protagonizados por Gian Maria Volontè, que fez um total de quatro filmes com o diretor.

Gian Maria Volontè é "Lulu Massa"
Nessa obra-prima, Volontè é Lulu Massa, operário padrão, tão fanático pela produtividade que confessa à mulher só sentir desejo pela manhã, quando antevê o dia de trabalho que o aguarda junto à máquina onde fabrica peças. Lulu é arrastado para o movimento sindical quando perde um dedo em acidente no torno e vira, sem querer, símbolo da luta dos trabalhadores contra a produtividade a qualquer preço.
Essa circunstância o coloca em posição insólita diante de si mesmo. Lulu não se vê como alguém que luta contra um sistema, pois o traz dentro de si mesmo. Para ele, o universo é composto de fábricas. Tudo, no fundo, é uma grande fábrica. O próprio corpo humano é uma fábrica, que ingere o alimento, o processa, gera energia e a transforma em trabalho.

"Lulu Massa" em ação
Em determinado momento, Lulu visita um ex-colega, Militina (Salvo Randone), internado num hospício. Militina é muito calado, mas, quando fala, o faz de maneira luminosa. Explica a Lulu como é o hospital: ‘É igual à fábrica, com a diferença que não te deixam ir embora à noite.’
O filme trabalha com um registro acima do tom realista; é expressivo, como o nível de interpretação de Volontè. O conjunto tende a sublinhar aquela certa insanidade do ‘trabalho alienado’, mas sem um pingo de retórica doutrinária, que, se existe, está diluída na própria linguagem do filme. Resume-se à frase de Militina, quando lida em seu sentido inverso: Militina descobre que a fábrica é igual a um hospício, mas de onde à noite se pode sair.”


CINECLUBE DARCY RIBEIRO
Depois de um grande filme, sempre um bom debate

Data: sábado, dia 14 de abril de 2012
Hora: 13h
Local: Sala Florestan Fernandes do Casarão (r. General Jardim, 522, próximo à estação República do metrô)