2 de maio de 2013

Nossa próxima atração: "Barravento", de Glauber Rocha, em 4 de maio de 2013


CINECLUBE DARCY RIBEIRO apresenta Barravento (1961, Brasil, 78 min, p&b)
Direção: Glauber Rocha. Roteiro: Glauber Rocha, Luiz Paulino dos Santos, José Teles de Magalhães. Fotografia: Tony Rabatoni. Montagem: Nelson Pereira dos Santos. Música: Canjiquinha, Batatinha. Elenco: Antonio Pitanga, Luiza Maranhão, Lucy de Carvalho, Aldo Teixeira, Lídio Santos e outros.


O primeiro longa-metragem de Glauber Rocha. Embora datado e produzido em condições muito adversas, é um belo e digno estudo sobre a exploração dos trabalhadores na pesca praieira e do papel da religião, em particular a de matriz africana, nas condições de alienação dos pescadores


O cineasta em crise

“Eu filmei ‘Barravento’ num estado de crise, abandonava as ideias da adolescência... Diferentes dos intelectuais franceses, nós temos uma formação cultural muito confusa, lê-se primeiro os dadaístas, depois a tragédia grega. Conhecemos o romance americano de Faulkner e em seguida descobrimos Rimbaud e Mallarmé. As universidades não funcionam mesmo, os livros chegam numa grande desordem. A formação de um jovem brasileiro é incoerente [...]

“Éramos eisensteinianos”

Nessa época, eu era surrealista, futurista, dadaísta e marxista ao mesmo tempo. No Brasil, por exemplo, todas as teorias de Eisenstein chegaram em tradução espanhola e depois portuguesa e, como os cineclubes e as cinematecas são bem organizados [na Europa], a obra de Eisenstein era muito conhecida lá. Nós éramos eisensteinianos e não admitíamos que se pudesse fazer um filme a não ser com montagem curta, primeiros planos, etc. ‘Rio, 40 graus’ [Nelson Pereira dos Santos, 1955] foi influenciado pelo neorrealismo. Gostamos muito do filme de Nelson porque era de fato o primeiro filme brasileiro, mas fazíamos ressalvas porque não era um filme eisensteiniano. [...]

Um filme “verdadeiro”

‘Pátio’ [curta-metragem de Glauber, de 1959] é um filme feito de metamorfoses, de símbolos, de montagem dialética. ‘Barravento’ foi feito num outro espírito, mais direto, mais verdadeiro, cheguei a registrar a música negra ao vivo. É um filme mais perto da realidade porque já tínhamos visto nessa época ‘Roma, cidade aberta’ e ‘Paisà’ [Roberto Rossellini, 1945 e 1946, respectivamente] e a descoberta de Rossellini através desses dois filmes era uma espécie de antieisensteinianismo. Em ‘Barravento’, sente-se então essa influência, mas existem resíduos eisensteinianos, e primeiros planos no estilo de ‘Que viva México!’ [Serguei Eisenstein & Grigori Aleksandrov, 1932]" (Glauber Rocha, "Revolução do Cinema Novo", São Paulo, Cosac Naify, 2004, p. 112).


CINECLUBE DARCY RIBEIRO
Depois de um grande filme, sempre um bom debate
Debatedores convidados: Sérgio Cumino (ator e diretor teatral, poeta e colunista sobre religiões de matriz africana) e Elizabete do Nascimento (advogada especializada em responsabilidade civil)

Data: sábado, dia 4 de maio de 2013
Hora: 14h
Local: Sala Florestan Fernandes do Casarão (r. General Jardim, 522, próximo à estação República do metrô)